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Educação, Dever de Todos
Educando os filhos nos dias atuais

Cuiabá, 28 de Agosto de 2003

Aos Senhores Pais, com carinho:

Acredito que nunca esteve tão difícil educar filhos como nesses dias de verdadeiro redemoinho nos princípios básicos que sustentam nossa sociedade. Assisti recentemente a uma palestra onde, em certo momento, a palestrante deixou no ar a seguinte pergunta, o que é ser homem na sua casa? E então lembrei-me o que minha mulher e eu sempre dizemos aos nossos filhos, apesar da pouca idade deles. Procuramos ensinar a nossos filhos que não basta ter nascido homens, eles precisam ser machos. Mas antes que alguma crítica seja feita, deixe-me explicar qual o conceito de macho a que estou me referindo. Nós ensinamos a eles que ser macho é respeitar o próximo, é respeitar os mais velhos, é ser delicado com as pessoas, é saber que homens respeitam e tratam com gentileza as mulheres. Ser macho é antes de entrar no elevador, esperar que as pessoas mais velhas passem à frente, e não responder aos mais velhos e não usar palavrões.

Procuramos ensinar a nossos filhos que ser macho é saber dizer não ao que é errado, mesmo que nesses momentos eles fiquem sozinhos do lado contrário à maioria; ser macho é ter opinião diferente sobre determinados assuntos sem o receio de ser chamado de babaca. Ser macho é conseguir se sensibilizar com os detalhes e as mazelas da vida e assim aprender a chorar. Ser macho é ser alegre, animado e forte sem precisar do apoio do álcool ou das drogas. É se declarar não fumante em meio a uma estarrecedora população de jovens fumantes. Ser macho é não ter medo de preconceitos e declarar amor a Jesus Cristo em meio a uma sociedade incrédula.

Concordo absolutamente que criar filhos é um privilégio, mas também é um compromisso assumido perante Deus. Arregacem as mangas, porque criar filhos dá trabalho. Dá trabalho chegar em casa cansado, ir ao quarto deles para saber se passam bem o dia e dizer-lhes - tive saudades, ou - eu te amo. Dá trabalho ver se as tarefas escolares ficaram prontas e corretas. Dá trabalho levá-los alguns dias da semana à escola. Dá trabalho ir conhecer a professora dos seus filhos para que ela saiba que eles têm pai e mãe, dá trabalho conhecer os pais e os colegas de seus filhos. Dá trabalho não deixar que saiam para qualquer lugar, com qualquer pessoa e voltar a qualquer hora. Dá trabalho levá-los à festinha e ir buscá-los às duas ou três horas da madrugada.

Dá trabalho deitar ao lado deles e ficar ali, sentindo o cheirinho deles, mesmo que já tenham crescido. Dá trabalho, mas não dá para fazer de conta que não é com a gente. Sabem qual é o resultado da falta de tudo isto que foi comentado acima? É só abrir os jornais ou ligar a TV. Colega matando colegas e professores, neto matando avó, filho matando pai, pai matando filho, crianças entregues à própria sorte...Como aconteceu recentemente! Duas crianças assassinadas em nossa cidade, eu digo crianças porque eram verdadeiramente crianças. Não adianta encher uma garrafa de cerveja com água mineral, rotulá-la com o selo da melhor cerveja do mercado, colocar tampa de cerveja e servi-la como cerveja, porque a água que está dentro dela jamais deixará de ser água. Naquelas crianças a vida foi antecipada: é como se o mundo logo tivesse tornado-as adultas, logo tivesse envelhecido-as e elas já morreram. Crianças colocadas em situação de risco, crianças de famílias que deixaram Deus do lado de fora da porta.

Precisamos nos envolver com nossos filhos! Se você não tem tempo, arranje. Se você não acha isto importante, reavalie. A responsabilidade de criar filhos é de pai e mãe, e nossas crianças mais do que nunca, precisam de nós!!

Ronaldo Lessa
Médico e integrante da UBE-PE
Diário de Pernambuco - 12 de Junho de 2003

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