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Educação, Dever de Todos
Drogas: É possível prevenir na infância!

Drogas: É possível prevenir na infância!
Revista Linha Direta

     Prosseguindo as reflexões registradas no último número desta revista, é bom lembrar que estamos falando de prevenção. Estamos falando de infância. Nada referente a problemas já instalados, que merecem outro tipo de enfoque e tratamento.

     Vejamos como praticamente tudo aparece na infância. Claro, porque nenhum problema nasce grande. Enxergá-lo no nascedouro é deter um processo antes de seu desenvolvimento. Focalizando o futuro, os problemas da juventude devem ser encarados na infância, ali onde se gestam.

     Um dos traços que mais caracteriza o adolescente candidato à dependência química é a tendência constante a viver fora do contexto de sua realidade. Imagina em excesso e fala mentiras como se estivesse dizendo que dois e dois são quatro. Evidência clara de que quer fugir da realidade. É que a realidade lhe exige esforço, disciplina, obediência, trabalho, estudo... Por isso prefere o ócio, a inércia, os vôos quiméricos. Nada de batalhar duro. Ideais? O que são ideais para quem não quer nada com a dureza? Talvez aprenda algum dia, em alguns casos tarde demais, que “quem vive sem um ideal leva a morte sobre os ombros”.

     Como surge na infância um quadro tão preocupante?

     Não importa que seja o Joãozinho, a Mariazinha, ou o Zezinho...ou, enfim, qualquer criança que esteja dando seus primeiros passos neste mundo. Tudo é novidade, tudo é descoberta. O mundo lhe está sendo apresentado. Esse é o momento em que se pode começar a preparar o futuro: o do homem ativo, que venha a construir uma vida construtiva, fértil e útil à sociedade em que vive.

     Diferentemente dos animais, que já nascem sabendo quase tudo que diz respeito às suas perspectivas de vida, é quase nada o que sabe deste mundo o ser humano que se inicia nesta vida. Tudo é motivo de aprendizagem. Aprendizagem que, muitas vezes, custa esforço, empenho, persistência. É muito comum ver a criança que se resiste a esses três elementos, que são básicos em qualquer aprendizagem. Os pais têm a possibilidade de abrandar-lhe o caminho, até mesmo fazer as coisas por ele, deixá-lo entregue à própria sorte... ou, diferentemente, estar a seu lado, ensinando-lhe com paciência, com amor.

     Coisas simples. Por exemplo: amarrar os próprios tênis. Tarefa difícil para a criança com seus quatro anos. Mas possível de ser aprendida. A mãe manda calçá-los, a criança enfia os pezinhos e pede que ela amarre os cadarços. Solícita, a mãe cumpre rapidamente a tarefa para o filho. Bondade? Sem perceber, ela tira da criança a oportunidade de desenvolver sua coordenação motora fina, o que poderia vir a facilitar tanto a sua aprendizagem da escrita... Mas esse não é o problema maior. Perde a grande oportunidade de ajudá-la a desenvolver sua capacidade de esforço, de empenho e de persistência. Uma vez, duas, três, dez, vinte vezes: um lacinho pra cá, um lacinho pra lá, agora passe um dentro do outro...

Falamos agora sobre a tendência a mentir. Qual criança, qual de nós mesmos, em algum momento não burlou a verdade com intenção de fazer prevalecer algum interesse próprio?

     E a criança que tem a mãe, o pai, a babá, o irmão mais velho, todos fazem por ela quase tudo, e ela vai se tornando preguiçosa, acomodada: claro que não vai ficar com os tênis desamarrados!

     O mesmo se aplica a tudo o mais que diga respeito à aprendizagem geral da criança: guardar os brinquedos depois de brincar, tomar banho sozinha, alimentar-se, fazer seus deveres, pentear os cabelos, vestir-se, arrumar a própria mochila, etc.

     Tenhamos sempre em conta que “O esforço é vida; é um constante provar a capacidade de produzir, de fazer, de realizar”. Não tiremos de nossas crianças, portanto, essa parte de vida. Permitamos que elas experimentem a alegria do triunfo; que sintam capazes, que conheçam as dificuldades e tenham pontos de referência para julgar o que devem fazer diante delas.

     Isso tudo faz lembrar um texto, de autor desconhecido, que nos fala sobre “A Lição da Borboleta”. Conhecido que já seja, vale a pena relembrá-lo aqui em toda a sua beleza:

     Um dia, uma pequena abertura apareceu num casulo. Um homem então se sentou e se pôs a observar a borboleta por várias horas, atento a como ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco. Então, teve a impressão de que ela parou de fazer qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que podia e não conseguia ir além. Então o homem decidiu ajudar a borboleta: pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. A borboleta saiu facilmente. Mas seu corpo estava murcho,era pequeno e tinha as asas amassadas. O homem continuou a observá-la, pois esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e se esticassem para serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar com o tempo.

     Nada aconteceu! Na verdade, a borboleta passou o resto da sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não compreendia era que o casulo apertado e o esforço necessário da borboleta para passar através da pequena abertura eram o modo com que Deus fazia com que fluido do corpo da borboleta fosse para as suas asas, de modo que ela estaria pronta para voar uma vez que estivesse fora do casulo.

     Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossas vidas. Se Deus nos permitisse passar através de nossas vidas sem quaisquer obstáculos.

 

Revista Linha Direta,
Ano 5 – nº 57
Por: Maria Lúcia da Silveira

Cuiabá, 01 de Junho de 2004

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