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Educação, Dever de Todos
A Prática da Leitura Começa em Casa

Cuiabá, 14 de Março de 2006

A Prática da Leitura Começa em Casa

Mais do que métodos e técnicas de motivação para ler, são necessárias providências que se relacionem á história do aluno na sociedade, principalmente em sua família. Não se pode separar a prática da leitura da vida em família e na comunidade. Não é uma questão a ser resolvida apenas na escola e pela escola.

Enquanto lemos, vivemos uma experiência transformadora. Nossa mente tem várias funções, entre elas a memória, a atenção, a sensibilidade, e os diferentes tipos de raciocínio. Afinal, com o processo mental operado ao ler, a pessoa transforma seu modo de ser e de ver o mundo e de interagir com ele.

Embora a escola incentive e deseje a leitura, dificilmente forma o leitor, se não tiver o apoio dos pais. Isto, porque as relações sociais, na família, são espontâneas, envoltas em emoções partilhadas e valores afirmados e/ou vivenciados por todos. Pais, avós, irmãos têm histórias de vida em conjunto e influem fortemente sobre os filhos, desde sua mais tenra idade, principalmente por suas atitudes, gestos e práticas em diferentes circunstâncias.

Na escola há um currículo a ser cumprido, uma hierarquia, há direitos e deveres, e a escola não consegue, de forma alguma, substituir a família na formação de valores; pode colaborar com ela. Ela propõe, sugere, procura o apoio dos pais, mas é dos pais, avós e parentes próximos que vem a grande energia, a colocação de limites, a valorização do esforço, em favor do futuro de seus descendentes.


Laços com a leitura

Como diz Humberto Maturana, biólogo do conhecimento: nem todas as relações humanas são do mesmo tipo. Para ele, há relações sociais quando se aceita e ama a outra como ela é e se importa com sua vida como um todo. Isso acontece na família. Nas relações de trabalho, há interesses específicos. O mesmo ocorre com as relações hierárquicas, em que há relações de poder e de obediência, por veladas que sejam. Para Maturana, sem ações de aceitação mútua não somos sociais.

Como o ser humano se entrelaça pela linguagem e pela emoção a outros seres humanos, motivos lógicos não bastam para leva-los a agir em certa direção, ou se o que fala e o que escuta o fazem a partir de diferentes emoções. É importante que o estudante tenha seu emocional sintonizado à leitura como um valor, algo vinculado a suas aspirações e a uma auto-imagem positiva, meio de realização de suas possibilidades. Pais, professores da Pré-Escola e do Ensino Fundamental são os responsáveis por criar definitivos laços da criança e do adolescente com a leitura.

O estudante se pergunta: para que vai servir ler essas obras? Como vai influenciar no meu dia-a-dia? O fato é que, a cada leitura, há respostas interiores, há um novo ser, revestido de mais sabedoria. Vai amadurecendo sua personalidade, criando novos projetos de estudo, tomando gosto por diferentes assuntos, afinal construindo seu eu.


Influências

A maneira como a família e a escola, em suas séries iniciais, cooperam para essa prática marcará o futuro intelectual do jovem nas séries seguintes, no Ensino Médio e superior. Pais que compram livros para seus filhos, que conversam sobre a obra lida, com freqüência têm mais chances de ter filhos estudiosos e bem sucedidos profissionalmente, no mundo intelectual. Isso porque o amor, a justiça, o respeito, o carinho não são elementos abstratos, eles são domínios da ação entre as pessoas que convivem e que se interessam umas pelas outras. Quando a criança é pequena, a mãe coloca-a no colo e lê para ela ouvir; a leitura vem associada a todo esse gesto de bem-querer. Se a família moderna colocar esse valor em prática, assim como coloca a televisão ou a internet, vai obter como resultado bons leitores.

A família é um ambiente de muita conversação e consenso, de partilha de emoções e de diálogos, confidências; e a adolescência é o tempo de maior aceitação de influências. Por isso a escola precisa das famílias, para que atuem em favor da valorização da prática da leitura diária (de jornais, revistas, livros).

Quando os pais conversarem mais com os professores para melhor participarem da vida de estudante de seus filhos, a leitura terá um momento especial, não só os exercícios de Física, Biologia, Química, Matemática, História, Geografia ou Gramática.

Tornar o filho um bom leitor é pensar que esse será seu modo de crescer e aprender, mesmo depois de sair da escola, como indivíduo mergulhado na comunidade, com sua profissão, seus deveres e direitos de cidadão.

Se os pais derem as mãos aos professores, aí sim, a escola se tornará mais família e a família, mais escola. O resultado virá para todos os envolvidos.

Fahena Porto Horbatiuk,
Mestre em Lingüística e Professora da Face -
União da Vitória, PR
Endereço eletrônico: prof.fahena@face.br 

Revista Mundo Jovem/Fevereiro-2006

 

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